sábado, 31 de janeiro de 2009

Aumento abusivo da passagem de ônibus em PVH!



Lamentável! O prefeito em exercício de Porto Velho, Emerson Castro, sem titubear, resolveu recentemente aumentar a passagem de ônibus na cidade de R$ 2.00 para R$2.30. O aumento de R$ 0.30 parece ínfimo, mas para quem depende do serviço diariamente esse aumento não é visto com bons olhos.
A razão de ser considerado abusivo esse aumento é o fato das empresas, ou empresa, executar o serviço com péssima qualidade. No aumento anterior da passagem, de R$ 1.80 para R$ 2.00, as empresas e o prefeito prometeram otimizar o serviço, e que isso era uma das razões para o aumento. Mas o que realmente aconteceu foi o inverso, o serviço que já era ruim conseguiu ficar pior.
Antes do aumento anterior havia uma quantidade razoável de veículos com ar-condicionado, a linha Presidente Roosevelt era uma das melhores, sua frota era toda equipada com ares-condicionados, mas depois de aumentarem a tarifa, a qualidade dessa linha caiu drasticamente, isto é, hoje não temos mais uma linha que se possa dizer que "boa". Muitos ônibus estão sucateados, sem falar que muitos deles são sucatas de outras cidades. Em um ônibus a empresa que atua em Porto Velho se quer se deu ao trabalho de tirar os selos com os números dos telefones da Semtran de São Paulo de dentro do veículo. Quanto aos ares-condicionados o que a empresa fez foi tirá-los de vários ônibus, sendo que a promessa era aumentar o número de veículos equipados.

O desrespeito para com os portadores de deficiência física ainda persiste, pois são poucos os ônibus com elevador na porta, lembrando que há muito tempo os deficientes reivindicavam essa atenção. Somente agora que a tal empresa de ônibus comprou alguns ônibus especiais, mas ainda é comum ver deficientes se arrastando com suas cadeiras pelas portas desapropriadas para eles, obrigando-os a ficar a mercê da boa vontade de pessoas que os ajudem.

Além dos ônibus caindo aos pedaços outro grave problema são os condutores e cobradores dos veículos. São poucos deles que usam de educação, mas é uma boa parte deles que são rabugentos e mal encarados. Entre os motoristas temos alguns que não respeitam nem mesmo aos idosos, esses que são seriamente afetados pela falta de qualidade nesse serviço. Muitos já devem ter presenciado um idoso quase cair depois de mal entrar no veículo quando o motorista arranca bruscamente, ou mesmo perceber que ele vê o idoso na parada acenando e resolve ignorá-lo, ou mesmo fechar a porta do ônibus com alguém ainda descendo os degraus, mas, nesse ponto tenho que fazer justiça, não é totalmente culpa do motorista, mas sim da medida inescrupulosa da empresa de ônibus de ter mudado para porta traseira a saída nos ônibus, local de difícil visibilidade para o motorista. E essa medida foi tomada com uma especial intenção, acabar com a figura do cobrador.

Mas isso está com os dias contados, pois a Justiça de Rondônia determinou que a empresa fizesse a mudança, isto é, passe a entrada para a porta de trás e a saída para frente dentro de determinado prazo. E isso parece já estar acontecendo, linha por linha receberá a modificação em sua frota por períodos, até todas estarem regulares. A linha Cohab Floresta será a primeira.

Outro grupo sofre bastante com esses problemas no transporte público, o de acadêmicos. Porto Velho já é considerada por muitos como uma cidade universitária, mas tal empresa de ônibus parece não se tocar disso, pois diariamente, principalmente à noite, muitos acadêmicos utilizam ônibus para se deslocarem às faculdades, e a cada dia é um sofrimento. Muitos acadêmicos trabalham no centro da cidade e se deslocam do trabalho para a faculdade, cansados, estressados, exaustos, mas ainda assim têm que enfrentar ônibus lotados, em pé, e muitas das vezes carregando materiais (só um Vade Mecum pesa horrores). Lembrando ainda que é raro uma viva alma que está acomodada se prontificar a carregar o material de quem está em pé.

As faculdades fora do perímetro urbano de Porto Velho são as mais atingidas pela falta de linhas que as atendam, mas é a Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia quem está em situação mais crítica, pois em relação a outras instituições é a que menos é atendida por linhas de ônibus. Apenas as linhas Ulisses via BR 364 e Candeias atendem a faculdade regularmente, lembrando que a segunda não aceita o cartão Leva Eu.

As linhas especiais universitárias estão sendo insuficientes para atender ao grande número de pessoas que ingressam nas várias faculdades da cidade semestralmente.

Algumas pessoas que têm transporte público como única opção de deslocamento, ao pegar um ônibus se vêem obrigadas, devido a absurda lotação, a viajar em cima do capô do veículo, o que é proibido, mas diante da lotação... vale tudo.

Essa situação chega a ser até mais grave do que parece, pois diante disso as pessoas estão sendo humilhadas, é um tratamento que desrespeita e agride a integridade dos usuários. E muitos deles, que viajam desconfortavelmente na frente dos ônibus, ainda são obrigados a passar pela roleta e pagar pelo serviço desprezível prestado pela empresa.

Outro gravame, agora de responsabilidade da Prefeitura é falto de abrigos nas paradas de ônibus. Muitas paradas não têm, e algumas que têm estão em péssimo estado. E os abrigos que a Prefeitura tem construído não são nada adequados, pois além de mal protegem os usuários do Sol, não protegem nada das fortes chuvas da região. Os abrigos são um "ovo".

Mas é com pesar que tenho que reconhecer que boa parte dos abrigos que estão deteriorados é devido ao vandalismo. Delinquentes, em suas maiorias juvenis, desocupados que não tem o que fazer, e que por débil diversão inventam de estragar algo que é de todos, o que chega a ser até uma burrice, pois o patrimônio que esses vagabundos destroem hoje pode fazer falta pra eles mesmos mais tarde.

Quanto a esse novo aumento, a exemplo do que faz o Congresso Nacional ao votar pelo aumento do salário de seus membros na surdina da noite, ou quando as atenções da o povo estava para a Copa do Mundo ou para a vinda do Papa ao país, o prefeito em exercício de Porto Velho, Emerson Castro, aumentou a tarifa de ônibus durante as férias escolares, talvez receando uma eventual reação de estudantes organizados, a exemplo do que acontece em muitas cidades Brasil afora. Mas isso seria muito pouco provável de acontecer, pois as entidades estudantis de Porto Velho, em sua esmagadora maioria, só existem para arrecadar dinheiro com a confecção de carteirinhas estudantis. A cada começo de ano surgem várias, sempre oferecendo as carteirinhas estudantis que são confeccionadas de qualquer jeito, sem exigir uma comprovação real de que quem está tirando é mesmo um estudante ou acadêmico, bastando apenas uma foto, e, claro, o dinheiro.

Algumas dessas entidades são até apoiadas ou patrocinadas pela própria Semtran, daí já podemos imaginar que tais entidades jamais se voltariam contra uma decisão de aumento da tarifa tomada pela Prefeitura.

A Câmara de Vereadores também tem sua parcela de responsabilidade pela precária prestação do serviço de transporte público em Porto Velho, pois esta instituição que na teoria é muito importante para os municípios, poderia muito bem regular o serviço de transporte coletivo visando a otimização desse serviço, mas infelizmente não o faz, seja por incompetência ou por seus membros terem "rabo preso" com a empresa prestadora do serviço.

Pelo que se observa a Câmara dos Vereadores de Porto Velho apenas faz uma audiência pública aqui outra ali; delibera sobre o orçamento do município aqui e o aumento do salário de seus membros e prefeito ali. Mas poderia fazer muito bem regular o serviço de transporte coletivo da cidade criando medidas simples, ou nem tanto, mas necessárias, lembrando que a empresa pode muito bem arcar com as melhorias no serviço, pois se empresas que atuam na área em cidades do mesmo porte que Porto Velho conseguem oferecer ótimo serviço a baixo custo, porque essa daqui não pode fazer o mesmo?

O Ministério Público de Rondônia é outro órgão que poderia também observar a prestação desse serviço, que visivelmente é de péssima qualidade, e requerer mudanças eficientes para aperfeiçoar o serviço prestado à população, mas, por algum motivo, não se manifesta.

Entre as muitas medidas que devem ser tomadas para melhorar o serviço temos as seguintes: aquisição de mais ônibus equipados com ares-condicionados e portas especiais para deficientes físicos; realização de manutenção periódica das saídas de emergência dos veículos, pois atualmente em alguns deles a alavanca da saída de emergência está torta ou enferrujada; equipar os ônibus com algum meio de comunicação para que os motoristas se comuniquem entre eles e regulem horários; a criação de uma pequena equipe de zeladores em cada ponto final das linhas para realizarem uma rápida limpeza nos veículos a cada "balão"; distribuir melhor as linhas de ônibus na cidade; obrigar a empresa prestadora do serviço a consertar os aparelhos condicionadores de ar dos ônibus, em vez de removê-los dos veículos, o que é feito atualmente; determinar que a empresa ofereça cursos de relações interpessoais e de reciclagem a motoristas e cobradores; criação de abrigos de paradas de ônibus maiores e em diversos lugares da cidade. Outras sugestões poderiam existem, e poderiam se aproveitadas se esses órgãos abrissem espaço para a opinião ou sugestão da comunidade, ou mesmo se aplicassem as sugestões que de alguma forma chegam até eles.

Essas medidas são apenas algumas de muitas que podem ser aplicadas, de maneira que otimizariam esse serviço que é essencial à população, e depois de realmente serem efetivamente executadas, aí sim poderíamos discutir um eventual aumento da tarifa de ônibus, entretanto, a exemplo do já aconteceu, a expectativa é que com o aumento o serviço fique muito... muito pior do que já é.


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•♪ sαiм♂и ●
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