quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mensagem encaminhada ao Prefeito de Porto Velho


Sou Sáimon Rïver, tenho 23 anos, sou cidadão nato dessa cidade de Porto Velho, e venho por meio desta, com a devida vênia, fazer algumas reclamações e ao mesmo tempo requerer alguns esclarecimentos.

Há poucos dias mandei uma mensagem como essa por meio desse mecanismo de relacionamento com o cidadão, e obtive a atenciosa resposta dessa Prefeitura, entretanto ainda persistem alguns pontos a serem discutidos. Para começar quero saber exatamente quais os deveres dos vigilantes das empresas, contratadas por esta Prefeitura para tomarem conta dos espaços públicos da cidade.

Pois bem, na madrugada do dia 01 de janeiro de 2011, num passeio pela cidade em meio à chuva para espairecer, acabei passando por vários lugares do centro de Porto Velho, inclusive estive na Praça Madeira-Mamoré, onde logo ao chegar percebi uma movimentação estranha de um grupo de pessoas dentro dos vagões da Madeira-Mamoré (o que não parecia ser nada normal). Diante da situação avistei dois vigilantes que estavam sentados ao lado de um dos galpões do complexo (o mais perto da antiga estação de trem).

Imediatamente caminhei até os dois jovens vigilantes, e os questionei do porquê estavam ali parados enquanto um bem daquele espaço público estava sendo agredido (e possivelmente servindo para atividades nada usuais para aquele lugar), e os mesmos me responderam que lhes repassado que suas obrigações seria apenas cuidar dos adereços natalinos instalados na praça. Então perguntei por que eles não estavam lá por perto, ou caminhando pelos espaços enfeitados garantindo a integridade dos enfeites, e os mesmos me responderam tranquilamente que estava chovendo e eles não iriam ficar na chuva (na minha concepção e percepção estava caindo apenas uma garoa), então diante do que eles me falaram disse que iria contatar a prefeitura acerca desse contrato, entretanto de lá pra cá não tive oportunidade.

Quando saia da praça passei pelos vagões em questão, onde vi uma garotinha com outras pessoas no vagão do meio, e imaginando o pior me dirigi até o local e pergunte o que a garotinha estava fazendo ali e onde estariam seus pais, quando apareceu um homem e depois uma mulher (estavam meio estranhos) e quando perguntei o que estariam fazendo ali eles me disseram que estavam esperando a chuva passar. E como realmente pareciam ser uma família eu me retirei, entretanto, ao passar pelo vagão da extremidade norte, vi as silhuetas do que parecia ser de um casal, e desta vez resolvi fazer cara de paisagem e continuar caminhando até a saída praça.
São esses os vagões em questão.
De dia pode-se encontrar dentro desses vagões muita destruição e lixo, como preservativos íntimos usados, absorvente e até fezes (20.01.2011).

Diante desse causo (no sentido de narração) venho através desta, solicitar informações substanciais acerca da obrigação desses vigilantes para com os espaços públicos em que estão apostos.

Referente à última mensagem enviada por mim, esta Prefeitura disse que está em discussão a criação da Guarda Municipal, e diante dessa informação espero que essa Prefeitura esteja consciente da extrema necessidade de se instituir essa guarda, pois caso a Prefeitura não saiba, nós do povo já constatamos que os vigilantes das empresas contratadas não cuidam das praças em que estão, muito menos repelem a atividade de vândalos contra o bem público. Como exemplo cito o testemunho de uma colega, e também o que eu e muitos já perceberam, o Parque da Cidade, que até onde sei sempre teve pelo menos um vigilante em suas dependências, pouco tempo depois de sua inauguração já se encontrava (e se encontra até hoje) depredado. Acho que um vigilante com um mínimo de atenção perceberia a ação de vândalos estragando as luminárias em forma de folha (primeiro que é uma luz que se apaga, e a ação não deve ser nada silenciosa)². Dá tristeza de ver um Parque com projeto tão interessante estar tão feio daquele jeito.

O Parque está sendo tomado pelo mato em muitas áreas onde deviamos ver grama.

Outra situação que trago para essa discussão, também na Praça Madeira-Mamoré, reinaugurada em 05 de dezembro de 2010 (já com muitas depredações), foi algo que vi pessoalmente no último dia 18 de janeiro e 2011. As luminárias instaladas no anfiteatro/teatro de arena (para iluminar os degraus) estavam todas, repito, TODAS¹ destruídas. Além de haver em muitos pontos o sinal de total falta de segurança/vigilância no local.


Ainda na Praça Madeira-Mamoré, poucas semanas depois da inauguração, ao visitar a praça numa tarde de domingo, vi que um rapaz (com vestes um tanto sujas e com uma linguagem não muito agradável) estava organizando os carros no espaço de estacionamento dentro da praça e pedindo dinheiro para os motoristas. Diante da cena resolvi indagar o rapaz se ele tinha autorização para fazer aquilo, e mesmo eu sabendo que se tratava de um flanelinha, perguntei se ele era servidor da Prefeitura para estar fazendo aquilo ali dentro, e o mesmo disse que sim. Porém ficou muito nervoso quando disse que ia confirmar junto ao escritório da prefeitura que funciona da antiga estação de trem. Enfim, quando voltei a passar pelo local o rapaz já não estava mais lá.


Diante dessa situação quero saber o que a Prefeitura está fazendo para evitar que nós portovelhenses, bem como os inúmeros turistas que chegam à cidade para ver o que sobrou da lendária Madeira-Mamoré, não passemos por essa situação desagradável DENTRO DE UMA PRAÇA?

Para encerrar volto a pedir que esta Prefeitura lance mão da sensatez e aproveite essa oportunidade única de franco desenvolvimento do município para instituir o quanto antes a Guarda Municipal de Porto Velho. E mais, não vejo com bons olhos que Polícia Militar fique fazendo rondas nas praças da cidade. Primeiro que essa ronda nunca será bem feita, segundo a PM já presta um serviço de atendimento as ocorrência com deficiência, e tendo que destacar viaturas para fazer essas periódicas rondas deixa o serviço da Polícia Militar pior do que já é.

Neste próximo final de semana irei fazer um modesto vídeo sobre essa situação de descaso dessa Prefeitura para com a mantença e inibição de atividades de vândalos contra os bens públicos municipais, portanto gostaria de expor nele o posicionamento dessa Prefeitura acerca de todas essas questões e situações levantadas aqui. E pra isso me valho do meu direito de tê-las esclarecidas o quanto antes possível.

Respeitosamente,

SÁIMON RÏVER.

__________________
ESCLARECIMENTOS

¹ Devo esclarecer que exagerei um pouco com aquela afirmação, pois devo admitir que não eram todas as luminárias das escadas do anfiteatro que estavam quebradas, mas na verdade, mais da metade delas!

² Hoje (20.01.2011) estive no Parque da Cidade para tirar as fotos que ilustram essa postagem, e em conversa com o vigilante do local o mesmo afirmou que o responsável pelos danos nas luminárias em forma de folha foi o vento. Mas imagino que os vendavais naquela região da cidade devam ser muito fortes, ou então a Empresa de Desenvolvimento Urbano da Cidade (ou a empresa que construiu o parque) foi inconpetente em colocar colocar luminarias tão frágeis que hoje estão dando prejuízos.

2 comentários:

Lyne disse...

Amei seu Blog ,e não estou dizendo so por dizer , não !!!Pois Li seu texto e fiquei contente de saber que vc é um hoje Hiper Conciente e que luta por melhoras em sua cidade .Parabéns , se todos os cidadão fossem como vc , o mundo estaria bem melhor!!!!
Que a Paz e a Luz preencha, seu ♥
Mega Beijos

Braulio Gerhardt disse...

Sáimon, li o seu relato no blog e realmente é frustrante ver o descaso com que o patrimônio público da nossa cidade continua sendo tratado.

Mas sinceramente, não estou nem um pouco surpreso. Conhecendo essa cidade e seu povo como eu conheço, não me surpreende a atitude dos vandalos que depredam as instalações da ferrovia. Não me supreendem os pedófilos usando os vagões da mesma como motel. Não me surpreendem os vagabundos com uniforme de vigilante fazendo de conta que estão trabalhando. E não me surpreende que a prefeitura gaste tanto dinheiro fazendo propaganda de suas realizações, mas não se preocupe nem um pouco em preservar as mesmas. Os donos de agências de publicidade e empresas de vigilância precisam lucrar, bem como seus "sócios" que recebem propina pra viabilizar seus "negócios". Mas a corrupção de empresários e servidores públicos também não me surpreende.

Nada disso me surpreende Saimon, porque conhecendo PVH há 23 anos, como eu conheço, estou ciente do quanto nossa gente é miserável. E não falo de miséria financeira, pois desta muitos já estão livres. E para os que não estão, há solução. Falo da extrema miséria cultural que assola esta cidade. Temos um povo extremamente miserável quanto a princípios e valores cívicos. Extremamente miserável quanto à educação (não o ensino escolar, mas a educação mesmo, aquela que se aprende em casa), à cultura, aos bons hábitos, ao cavalheirismo, à moral e aos bons costumes. Em suma, é um povo miserável da pior maneira possível. Porque é um tipo de miséria que não tem cura. É uma miséria que ninguém nasce com ela, mas uma vez infectado, o sujeito será miserável pelo resto de sua infeliz e inútil existência.

A única coisa que me surpreende Saímon, é que em meio a esse mar de miséria cultural, ainda existam pessoas como vc, que não perderam a capacidade de indignar-se e continuam fazendo a sua parte (ou melhor, mais do que a sua parte) e ainda tentando fazer com que as coisas funcionem como deveriam. Confesso que às vezes me sinto vencido pelo desânimo. Mas é muito bom saber que ainda há pessoas que não se deixam vencer por ele. Parabéns!